Blue Eyes V

quarta-feira, outubro 31, 2007













DEPOIS DE TI
lisieux

Depois de ti, pra que saber das horas?
Sem ter-te aqui, pra que constelações?
Para que servem as ruas e avenidas,
pra que sinal de trânsito, guarda, apito?
Onde está deus, em quem desacredito,
de que me servem rezas, procissões?

Depois de ti, pra que saber cantar,
de que me valem sons de violões?
Acordes de sonatas ao luar...
bater de taças... onde, as razões?

Depois de ti, pra que ler o jornal?
Que importa se é finados, carnaval,
se primaveras chegam, ou verões?

Depois de ti, pra que juntar papéis,
fazer poemas, libertar canções?
Depois de ti pra que saber segredos
ou aprender secretas alquimias?

Pra que vestir estranhas fantasias
e mascarar os entranhados medos,
ou tentar achar resposta pros "senões"?

Depois de ti, perdi-me em meus rincões...

Pra que tirar poeira, varriduras,
pra que tocar antigas partituras
se só sobraram teias nos porões?

BH 29.10.03

Em virtude dos "porões" do poema abaixo,
lembrei-me deste outro, antigo... Do qual
gosto muito e não tem NADA a ver com a música
"Depois de ter você", como insinuaram o dia, a
não ser, talvez, a repetição do "Depois de..."











CAMINHO DE PEDRAS
lisieux

Quando tu me traíste
um manto escuro
cobriu o estrelado céu da noite
e o açoite deste vento
pelas ruas,
nas esquinas e estradas vicinais
só consegue imitar
o meu gemido
os meus suspiros,
minhas dores eternais...

Tento soltar a minha voz,
mas não consigo
e eu persigo
uma forma de dizer
o quanto dói, amado meu,
a tua ausência
e a demência
dessa minha solidão.

A travessia é tão ingrata,
tão difícil!
É um suplício prosseguir
sem tua mão,
Sem teus poemas, colorindo
a minha vida...
uma ferida
se abriu no coração.

Eu não queria, meu poeta
que esse pranto
e esse quebranto
que me afoga o peito
e queima
o interior como uma chama
infernal
fossem agora companheiros
de destino.

O meu caminho é pedregoso...
é tão difícil
atravessar tantos dezembros
e janeiros
sem a serôdia chuva de verão.

É desatino o que eu colho
dos canteiros.
É nostalgia a primavera
já passada
e o outono se instalou
nas sensações...

A poesia se perdeu
no meu caminho...
Tu conseguiste sufocar
o meu carinho
e a loucura
se mudou pros meus
porões
.

BH - 29.10.07

sábado, outubro 27, 2007











LOUCURA
lisieux

E até pode parecer loucura
essa mistura
de desejo e dor.
Pode parecer que é magia
a nostalgia
que nos causa o amor...

Pode parecer inconseqüência,
talvez demência,
a gente amar assim...
mas é tão grande, amor,
minha carência
que não consigo
te afastar de mim...

E até pode parecer loucura,
mas toda a jura
que um dia eu fiz,
eu vou manter assim,
teimosamente.
Uma demente
a habitar em mim.

BH - 14.07.04
15h03m

sexta-feira, outubro 26, 2007













NÃO TE ESQUECI
lisieux

Tu perguntaste se eu já te esqueci
se já não penso no nosso passado...
mas como te esquecer, se do meu lado,
a tua sombra anda, passo a passo,
colada ao corpo meu, como no abraço
como extensão dos membros e da alma?

Não te esqueci! Embora o tempo passe
e já não nos falemos como dantes
já não vivamos mais loucos instantes
de apaixonadas juras e desejos,
meu coração, amado, continua
tão atrelado ao teu como era antes
e ainda somos os velhos amantes
que em versos se derramam, noite afora...

Não te esqueci... Tu és, ainda agora,
o Vate que me inspira a poesia...
Tu és a sempre louca fantasia
que habita os sonhos de hoje
como outrora...

BH - 12.10.07
00h23m

quinta-feira, outubro 25, 2007











LEMBRANÇAS
lisieux

Viver só de lembranças é tão triste!
Porque deixar findar o nosso afeto?
Amor sem troca ou sonho não existe...
desaba simplesmente em nosso teto.

E se apenas de lembrar consiste
o nosso amor, teria ele sido
afeto, ilusão que não persiste,
e que se deixa assim ser consumido?

O que te dei, amado, foi tão puro!
Foi o pulsar do coração maduro
e toda a experiência que aprendi...

Sinto saudade do beijo nos pés
e tu, ingrato, só me dás, invés,
a sina triste de viver sem ti.

BH - 24.10.07

quarta-feira, outubro 24, 2007















TEUS SINAIS
lisieux

Sinalizas que és presente
no meu corpo e minha mente
mesmo quando estás distante...
pois me falas pelo vento,
pela água, firmamento,
pelas pedras, diamante...

Teus sinais capto logo:
seja na cinza ou no fogo,
no inverno ou primavera;
seja no outono ou verão,
pois moras no coração
desta que vive à tua espera...

BH - 23.10.07












TPM
lisieux

Hormônios à flor da pele
muito choro sem motivo
sentimento sem controle
intinto como o de bicho
nem abraço nem carinho
capaz de amansar a fera
que mora dentro de mim
nesses dias que antecedem
o sinal vermelho-vivo
da minha ainda presente
feminil - idade...

BH - 19.10.07

segunda-feira, outubro 22, 2007











QUE (I)MUNDO É ESSE?
lisieux

lixo atômico,
orgânico,
hospitalar

detritos
conflitos
aflitos
cidadãos

(des)governos
guerras
rituais
banalização
da morte...

que
(i) mundo
é esse?

“quem com porcos se mistura”
com eles come
dorme
fuça
e se lambuza...

BH - 22.10.07

sábado, outubro 20, 2007











CENA URBANA
lisieux

MOTE: "Ninguém percebeu
a cor do sangue que sujava a imagem" (Regina Más)

A falta de coragem,
de ânimo, amor,
impedia os passantes
de enxergarem a cena,
a cor do sangue, da pele,
da dor, da omissão...

Nem polícia, resgate,
SAMU, rabecão...
nem padre ou pastor
pra dizer oração

apenas os passos do povo apressado
os olhos toldados no sol de verão

sequer um cachorro a farejar
o corpo caído
em putrefação...

o sangue secando na rua
já não tinha cor...

vermelha a (falta de) vergonha.

BH - 20.10.07













NIVER DE POETA
lisieux

Hoje é dia de bonança,
de festejos em família
porque nasceu a esperança
que foi chamada de líria.

Feitas de amor e magia
segue tecendo mil teias...
Ela nasceu com a poesia
circulando em suas veias.

BH - 19.10.07

Para líria porto

quinta-feira, outubro 18, 2007











CAÇULA
lisieux

Não tem tamanho
ou juízo
mas tem um grande
sorriso
e um olhar de pidona
adora fazer bagunça
encher a casa de amigos
também bancar a mandona

Hoje ela faz dezenove
primaveras e verões
invernos, outonos, anos...
e um dia ela resolve
crescer em aspirações
realizar os seus planos

Totalmente sem noção
segue sorrindo por nada
ela é princesa, é uma fada,
que mora em meu coração.

BH - 18.10.09

Niver de lili, minha linda caçulinha.

quarta-feira, outubro 17, 2007











CAMINHEIRO
lisieux

Dizes que és peregrino
e que não levas
na memória a menor
lembrança triste
que não consegues carregar
no teu alforje
nenhuma réstia de amores
passageiros...

Segues portanto,
sem levar paixões ou medo
e em degredo minha alma
desfalece
pois ao contrário do teu jeito
de andarilho
finco raízes
sou palmeira
sou rochedo.

Não posso, amado, me livrar
dessas pegadas
nem jogar fora o conteúdo
da mochila
deixando amores derramados
pela estrada...

Então, se sigo, levo o peso
às minhas costas...
e as sandálias trazem marcas
dos lugares
por onde andei
e construi a minha história...

BH - 17.10.07
(feito de improviso, no MSN)

segunda-feira, outubro 15, 2007













MESTRE
lisieux

Se algo sei da vida, é bem capaz
que tenha sido porque tu me ensinaste...
desde as letras com que escrevo minhas rimas,
às contas para as compras no mercado
pra ninguém poder passar-me para trás.

Pena que umas coisas não faziam
parte das matérias do colégio:
como ser feliz sem ter amor,
como não doer, sem ter remédio,
como não lembrar o que acabou
e como não morrer de tanto tédio...

domingo, outubro 14, 2007

RECIPROCIDADE
lisieux

Sinto saudade, senhor
dos tempos bons, juvenis
dos elogios sutis
sob as videiras, em flor
das juras cheias de ardor
e dos calores febris
dos nossos beijos de amor.

Sinto saudade, senhor
do teu sorriso atrevido
e do pulsar incontido
coração, feito um tambor...
dos teus olhos me fitando
e o meu peito delirando
desabrochando, qual flor.

Sinto saudade, senhor
da sala de minha casa,
dos sonhos batendo asa
e o café, no aparador
a esfriar, tão esquecido
enquanto o nosso sentido
rompia em cego furor.

Sinto saudade, senhor
dos corpos nus no divã
roupas largadas no afã
de concretizar o amor...
tardes intensas de outono
de doce e manso abandono,
de desejo e de calor.

Sinto saudade, senhor
de tudo o que desfrutamos
do tempo em que nos amamos,
cheinho de sons e cor...
Lembrança que não comporta
o meu peito... e não suporta:
explode em saudade e dor.

BH - 21.12.04

sexta-feira, outubro 12, 2007










CRIANÇAS DESVALIDAS
Arlene Lima

Não queremos criancinhas
desnutridas, mendigando;
nem queremos as velhinhas
abandonadas, vagando.

Aqui dentro está doendo
por ver criança sofrer;
e os lares se desfazendo,
e idoso, sem paz, morrer.

Tens um olhar desolado,
criança de vida triste...
Teu lar é um ninho quebrado,
onde o amor não existe.

Veja o moleque da rua,
não tem rosto nem tem nome.
Que triste sorte é a sua,
é prisioneiro da fome.

Crianças sem pais, sem pão,
sem afeto, sem carinho,
vivem na rua, no chão...
Não as deixemos sem ninho!

Pega um pedaço de pão,
dobra a esquina e logo some...
Não, não...não era um ladrão...
Era um menino com fome!

Menino, volte à escola,
lute para ter o pão.
Bem melhor que cheirar cola,
é ser um bom cidadão.

Pelo dia das crianças, lindas trovas de minha amiga Arlene.

quinta-feira, outubro 11, 2007










RE - VIVER
lisieux

relembrar
é re-viver
todo o passado
é re-passar
na mente
o que passou
é re-criar
momentos
ao teu lado
re-produzir
um sonho que acabou...

re-lembrar
é ter de novo
um bom momento
re-colocar
nos olhos
cor e luz
é re-compor
no peito
o sentimento
re-ativar
o brilho
que seduz.


Re-lembrar
é uma forma
de poesia
é re-montar
da vida
o passatempo
que faz do amor
a mais louca magia...
É re-dobrar
motivos
de alegria
que nunca mais
hão de voltar
no tempo...

quarta-feira, outubro 10, 2007










E...
lisieux

de repente,a folhinha marca sempre
o dia em que o amor se foi
para Pasárgada...

BH - 11.04.07

terça-feira, outubro 09, 2007










ABOLIÇÃO
lisieux

A partir de hoje
alforrio-me
e
rio-me
até de
mim

segunda-feira, outubro 08, 2007










LEMBRANÇAS III
lisieux

Amor maluco, desesperançado,
cuco varando a noite
marcando as horas vazias.

Queria novas palavras
reinventar o
dicionário,
dizer-te algo
que realmente
valesse a pena...

poeta embora,
não consigo
arrancar do ventre
palavras de vida
que te possam incendiar
a alma.

Calo-me...

Silêncio assustador,
denso,
toma conta dos
meus espaços.

E no compasso do coração
doído e doido,
faço de conta que consigo
não me lembrar de ti.

BH - 2004

domingo, outubro 07, 2007











OLHA O TREM
lisieux

A poeta mineira espia o trem
subindo a serra,
preguiçosamente...
carregando as paixões,
doce passado...

Deixa nos trilhos, somente
fios de dores, rosários
desfiando essa saudade.

Com tristeza e desamor
solta fumaça no céu...
E a poeta, no papel,
desenha trilhas e trilhos
(des)caminho interior.

Caminhos de Minas...
Caminhos da alma
caminhos que chegam
ao meu coração...

sem ação
sem chão
sem pão
quem

quer
.
.
.

BH - 06.10.07

sábado, outubro 06, 2007










SOCIEDADE ANÔNIMA
lisieux

Contratos
Contravenções
Controvérsias

Variedades
Vícios
Vaticínios

Sociedade
(Surda aos desejos alheios)
Sacia sede própria

Anonimamente
Pego a Bolsa
Guardo meus Valores

E me perco
Nu
Mercado...

BH – 31.10.03

sexta-feira, outubro 05, 2007










SE TU ME AMAS II
lisieux

Se tu me amas
ama-me, às vezes,
com desvairada paixão,
sem diretrizes.

Ama-me assim,
com todos os matizes
todos os cheiros
com mil sensações...

Ama-me pleno
de toques e emoções,
ama-me assim,
silenciosamente

como as imensidões
das cordilheiras...
Ama-me, pois,
de todas as maneiras!

BH - 15.06.07

quinta-feira, outubro 04, 2007











EM ALGUM LUGAR DO PASSADO
lisieux

Se eu te encontrar
no meio do passado
e se cruzar contigo
numa esquina
do bairro dos meus sonhos
de menina
eu vou te olhar
e te chamar de lado...

para explicar
que embora o tempo passe
e envelheçamos,
eu não te esqueci.

E entre lágrimas e beijos
de saudade
vou te mostrar,
por toda a eternidade
o quanto é grande
o meu amor
por ti!

BH - 26.09.07

quarta-feira, outubro 03, 2007














ANONIMATO
lisieux

Gosto de cidade grande e apressada;
selva de concreto a esconder-me a alma,
onde posso me mover sem ser notada,
perdida em meio à louca multidão...

Gosto de andar pelas calcaçadas
e mergulhar no caos, sem estrelato...

Comigo mesma, em perfeito anonimato.

lisieux - BH

terça-feira, outubro 02, 2007











REDE DE INTRIGAS
lisieux

Fulana
contou pra beltrana
que assim,
"sem querer"
deixou escapar...

Segredo de alcova?
Melhor nem contar...

SBC - 26.08.07

segunda-feira, outubro 01, 2007










INSÔNIA
lisieux

Preciso:
de cafeína
nicotina
narcotizar-me...

Fugir de mim
tomar um gin
embebedar-me

depois aspirina
chá de camomila
neosaldina

e dopamina
pra esquecer...

a dor(mecer)
.
amor(tecer)
.
.
.
SBC - 26.08.07