Blue Eyes V

segunda-feira, maio 28, 2007
















VITRINES
lisieux

Não vi o meu reflexo na vitrine,
não pude me reconhecer no vidro frio,
nem mesmo sombra tinha
sob a branca luz fluorescente.
O taipe da minha vida
tantas vezes reprisado,
inutilizou-se...
partiu-se a fita, de tão gasta.
Fogos não espoucam...
Suas cores não se elevam,
articiais...
Nem azuis, nem amarelos se traduzem.
A fatal verdade é que,
observando a procissão da vida,
serpenteando adiante e após mim,
só via refletidos
tantos “tus”, todos inscritos,
em (des) graça da minha solidão.


SETEMBRO-03

sábado, maio 26, 2007













AMPULHETA
lisieux

É tarde
tu tardas..

Tardia,
a ânsia de encontrar-te
novamente...

tardiamente,
descobri
que não me amas.

BH - 11.05.05

quinta-feira, maio 24, 2007




















VARAL
lisieux

Minh'alma
encharcada de saudade
balança ao vento
do desprezo teu...

ou ela seca
- fica leve -
ou seco eu...

BH - 24.05.07




















AINDA QUE
lisieux

(e só nos pés) eu sinto junto a mim *
teu beijo doce, que conforto traz.
Melhor, trazia... já não satisfaz,
a solidão que se abateu por fim

dentro do peito que hoje chora só.
E eu não consigo perceber porque
tu te afastaste, parecendo que
nossa amizade fosse pedra, pó.

O meu amor por ti, é sempre o mesmo...
não me conformo de viver, a esmo
sem o conforto do teu braço amigo.

E só espero que talvez, nos versos
a gente possa unir os universos...
e que tu voltes a compor comigo.

BH - 02.09.06 - 04h56

* primeiro verso de Paulo Camelo

quarta-feira, maio 23, 2007

















EU SÓ QUERIA
lisieux

Eu só queria um mover de asas,
um vôo de libélula,
um tremeluzir de vela,
uma seda, uma célula...
partícula orgânica,
primeva

Eu só queria um som,
um acorde, uma nota dissonante
um canto de passarinho,
uma folha, uma gota,
uma pétala, ninho
um abrigo do frio...

Eu só queria um quase-nada...
um semi-tudo...
um semibreve
um átimo, um momento...
big-bang
explosão de
vida!
BH - 10.07.2005

terça-feira, maio 22, 2007
















VIVA! NIVER DE ANNA RACHEL

Mais um ano de vitória
de muita luta também
Porém co'o Senhor da Glória
não mais tememos ninguém!

Que Deus abençoe muito a minha filhota!
Pena que não pude ir pra São Bernardo esse ano... BAH!

domingo, maio 20, 2007














DESÁGÜA EM MIM
lisieux

Meu corpo espera
pedra, limo, sal
ser encoberto
por tuas marés

24.07.03

sexta-feira, maio 18, 2007

















VERSO DOLORIDO
lisieux

O verso só reflete a dor mais rara (*)
ele só diz da mágoa que me invade
só diz do amor, que me chegou tão tarde
e diz do tempo atroz que nos separa.

O vento sopra todos os meus sonhos
e essa água leva na torrente o amor.
Eu não consigo mais sequer compor
porque meus pensamentos são medonhos!

Que queres que te diga, pois, senhor?
Que eu diga que não mais irei me expor
em versos plenos de desilusão?

Não vale mais a pena ser poeta...
Porque sem ti jamais serei completa
nem sabe mais cantar meu coração.

São Bernardo do Campo -
29.03.04 - 09h58m

* primeiro verso de Nilson Mattos

quinta-feira, maio 17, 2007

LINDO!
Vejam por si mesmos:

http://www.youtube.com/watch?v=5g8cmWZOX8Q

quarta-feira, maio 16, 2007
















POEMAS PARA MIM MESMA
lisieux

Faço poemas
para mim mesma
porque só a mim
os meus escritos dizem...

Quem mais os leia,
jamais os percebe
no seu todo,
no seu sentido primordial,
visceral...

Faço poemas para mim mesma...
Para que a alma não me escorra
com o sangue...
para que a hemorragia não me mate.

BH - 29.04.02

Por falta de inspiração, postando um dos "antiguinhos" do qual gosto muito.

terça-feira, maio 15, 2007















Sombra & Luz
Ricardo Mainieri

Há dias que a luz
parece ter sumido
sombras crescem lá fora
e dentro de nós.

Dias baços
embaraços cotidianos
pressa angústia tristeza.

Apesar da incerteza
cores brilham além...

E sons se enlaçam
em comunhão.
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Ricardo Mainieri, meu amigo gaúcho, presenteou-me com essa linda resposta poética ao meu texto "Há dias", publicado abaixo... Para conhecer mais do Mainieri, SENHOR poeta, acessem:http://mainieri.blogspot.com/ - Vale a pena!

domingo, maio 13, 2007


















MÃE... ATRAVÉS DO TEMPO
lisieux

(Varais do Grupo Lun'as, de 2003 a 2007)

Queria dar-te tudo o que há de mais puro:
O grão de areia, o mar, o céu azul-escuro...
Queria dar-te o raio de luar, o mais brilhante,
e a estrela que cintila, tal qual o teu olhar,
que o meu sono de criança vem velar...
Só posso dar-te o meu amor, doce mãezinha
e gratidão por toda vida a minha...
VARAL - 2003

Somente as mães do mundo são capazes
de englobar todos os povos com carinho
e no seu seio carregar todas as raças...
Somente as mães, levam no ventre as esperanças,
são responsáveis pelos sonhos das crianças
e por semear amor e paz por sobre a terra.
VARAL - 2004

o meu umbigo, fundo
sinal de ligação com o ventre
que me trouxe ao mundo,
hoje é somente sinal da tua posse,
como se fosse a ti que me ligasse
o inicial cordão...
VARAL - 2005

Mãe é mãe
em toda circunstância,
em todo tempo,
em toda natureza.
Ela é constância,
é só ternura,
é só beleza!
VARAL – 2006

Ah, essas mães, são sempre iguais!
Não importa onde morem, como vivam,
se são brancas, se são negras, são felizes,
ou se são amarguradas pela vida...
Elas sempre são iguais no seu amor,
pelos filhos que pra elas nunca crescem
nunca as amam como elas merecem.
VARAL - 2007

Homenagem a todas as mamães do mundo.

sábado, maio 12, 2007














Aborto, a mais covarde forma de matar pois é um ataque à vítima indefesa.
Existe o mais inteligente estado do corpo em que não se engravida:
é quando a temperatura revela calor e o trânsito é livre... raramente percebido pela mulher
( principalmente daquelas que se apaixonam, ficam obtusas
e babam pela perda da identi-e ganho ( ? ) na / da FICAÇÃO.)
As índias percebem porque são sábias de corpo.
Há um filme em que é revelado o exercício desesperado de um feto para se defender,
desesperado, fugindo da cânula para, em sucção, reduzi-lo a fragmentos.
Não há crítica a comportamentos mas grande lástima a um estado mórbido de / do
NÃO SABER-SE

===
do meu livro
ecléticas crônicas poéticas
ed. do Escritor

jorra o sangue
sangra o jarro
coagula agulhas...metais
sentir menos...
sentir mais...
veias dos seios se enfartam
os gemidos reprimidos
ao raspar da cavidade
enoja faz vomitar

margarida é silvestre...
cortado seu caule verde
vertendo úmida seiva
aos poucos morre de sede

matutar em ser cremada
se alguma " coisa falhar"
ter as cinzas espalhadas
n....uma xícara de !

pelas coxas corre o sangue
pelos pêlos coagula
jaz.....na palma da mão
são os tampões que regulam...
regular o tempo...a espera
o nome dele ...era...
=============
helena armond

- Véspera do chamado dia das mães, uso este texto para lembrar que há mães... já outras...


















HÁ DIAS
lisieux

- "Há dias asssim
em que o trago que bebo,
é a saudade de mim. " - (Jeanete Ruaro)

Há dias em que tudo é ausência.
Em que buquê de flores é isento de beleza.
Dormência total no corpo e nas entranhas
tamanhas ânsias que transbordam, líquidas,
não há como contê-las no meu ventre.

Há dias em que seios, mãos, barriga, braços
são só espaços...
não podem ser transpostos.
E eu, com corpo e mente adormecidos,
embebedados do lascivo vinho
não mais respondo, amado meu, por mim.

Há dias em que o trago de absinto
que tomo em taça negra de pecado
é fardo leve
é breve auto-retrato
queimado nos incêndios do passado.

Há dias em que tudo é resistência...
e a lucidez se esconde na demência
do meu sorriso, que perdeu-se, gasto,
no descompasso do bandoneon

neste cenário de luzes de neon.

BH - 11.05.07
(poema que fiz, de improviso, inspirado no verso de Jeanete, minha amiga gaúcha)

sexta-feira, maio 11, 2007





















ALINHAVO
lisieux

Alinha minha vida
numalinhareta

traça minha meta
alinhava os pontos
contrapontos
contratempos

linha-dura
compostura

remenda,
conserta
meus caminhos

dá um jeito
-contrafeito-
tira do peito
os espinhos

segue uma linha-mestra
orquestra...

depois desalinha
desarruma...

linho..
lençóis...
BH - 17.07.04

quinta-feira, maio 10, 2007




















PENSAMENTO SOBRE A MORTE

Tenho pena da morte
– cadela faminta –
a que deixamos a carne doente
e finalmente os ossos,
miseráveis que somos...

o resto é indevorável.

(Mario Quintana)

terça-feira, maio 08, 2007




















ENTRE O SEIO E A MÃO
lisieux

Haverá uma hora qualquer em que tu,
entre o seio e a mão, me doerás menos. (Ticcia)

Entre o seio e a mão
há um despenhadeiro
um formigueiro,
boca de vulcão

e dói-me tanto entre a mão e o seio
que não há meio
ou anestesia...
nada alivia a dor da solidão.
Espero, amado, ver chegar o dia
- embora saiba que demore anos -
em que consiga ignorar o espaço
que é tão escasso
mas parece imenso...

escuridão, aceno, alma incenso,
esse vazio
entre o seio e a mão.

BH - 26.03.07














BILHETE NA GARRAFA
lisieux

Encontrei uma garrafa
e, dentro dela, um bilhete
que dizia: não me deixes!

Mas, como posso atender
o pedido, se não sei,
por onde é que tu andas?

Por isso, procuro o dono
que se sente no abandono,
assim triste, como eu...

Quem sabe, pode ser meu?

BH - 08.05.07

Exercício "Classificados Poéticos", do Luna's e Tahyane.

segunda-feira, maio 07, 2007















GRITO MUDO
lisieux

Fechada nas paredes do meu mundo
quero gritar, para o mundo externo ouvir...
Mas não tem jeito, após apenas um segundo
eu desisto, pois ninguém pode sentir
a angústia do meu peito amargurado...

Então, calo meu grito,
e ele, mudo,
fica entalado na garganta...
aprisionado...

BH03.05.07

domingo, maio 06, 2007

















BEIJO DE BITES
lisieux

Que a tua vida, amado, seja bela
cheia de encantos, cheia de magia...
É pena que não seja qual novela,
em que eu te tenha como companhia...

É pena que se passem noite e dia
sem teu abraço a me confortar...
E a minha vida seja tão vazia
quanto as crateras do solo lunar.

Então te envio um beijo virtual
de despedida, chegando o final
do dia que passei, de luta e afã...

E agora vou dormir... o meu castigo,
é só poder, amor, sonhar contigo,
à espera do teu beijo, de manhã.

BH - 17.04.0702h28

sexta-feira, maio 04, 2007















SALMO PARA UMA AMIGA POETA
Silas Corrêa Leite

Não são todas as estradas que vão dar no sol.
Há nuvens que nos desviam dos endereços íntimos.
Claras são as mensagens, mas não vemos o que precisamos ver...
Vemos o que queremos ver.
(O que sentimos daquilo que vemos?
O que avaliamos daquilo que pensamos sobre o que vemos?)
Temos os lírios brancos e os campos de lavanda, e o que vemos?
Os gravetos, as pegadas na terra, as sombras.
Olhamo-nos, e não nos reconhecemos.
Em que Sala de Espelhos deixamos os nosso versos mais cândidos?
A poesia pode ser uma janela - um respiradouro.
Escrevo porque não sei me matar.
Na dor, dou testemunho de meu cálice transbordando.
Olho-me, e não me reconheço em mim. Mas sinto algo-alguém acima de mim.
Quem realmente vela o meu pesadelo?
Aquele que anda nas nuvens e incendeia os oceanos.
Aquele que coloca rímel na minha tormenta ácida.
Vejo passos na linha do horizonte.
Cortam-me as esperanças, mas eu me fermento entre avencas
Arrancam-me as mãos mas eu escrevo na parede de um silêncio tácito.
Não quero ser vencido pela dor, pois meu criar arranca as sandálias das minhas abstrações e me faz voar acima de águas límpidas.
Que sal há nas lágrimas? Faço saladas de sonhos.
Que açúcar meu olhar desata? Faço cadarços para vôos além de arrebentações.
E quando o vinagre de meu corpo sai como quireras líquidas, junta formigas para irem distribuir realidades paralelas no meu Eu de mim.
A morte não existe, então porque deixar que ela vença?
Que sabedoria é o amor que tange, marca, mutila, preda e engessa hábitos torneados em dialéticas de ausências?
Tenho caravelas paradas no porto, e caravelas não foram feitas para encalhes de marés.
Há um sextante no mais alto altar de minha espiritualidade
E eu só caminho peregrinador, pois sei que água parada atrai tempestades em corpos estranhos.
Viajo-me no criar.
Alimento-me ostras de outras dimensões-travessias.
Visto-me de um cacto rosa, e no quartzo-róseo de meu íntimo, procuro flores murchas em saídas de emergências.
Descanso o pulso do meu lado Sentidor, em diálogos com amigos e irmãos secretos.
Dispo-me de amarguras e melancolias
E escrevo salmos-mantras-banzos-blues
Contemporâneos - como um cinzel na minha alma pisada
Só que eu bem sei
Que quando amanhecer um Sabat qualquer, sabendo que meu reino não é desse mundo
Darei manjar de framboesas silvestres aos anjos
E a groselheira seca de minha alma reviçará
Pois é o espírito que ama o espírito
E depois de todas as cisternas, desertos, ilhas, cimitarras, maus pensamentos e butins
Ao religar-me com o Criador, na prece pré-auroral (frente a um tentativa de abismo)
Ele me levantará de mim mesmo, de minha nudez de dezelo atribulado
E me lavará de todas as atribulações humanizadas
Porque “O Que Fez” é a minha rocha
E eu sou apenas uma migalha de sua luz, honra e busca
Para sempre

(Silas - rascunho Um - Para Ana Luisa Peluso)

SP - 11.10.02

Amei este escrito do Silas que contém metáforas primorosas. Realmente, um belo texto! Para conhecer mais do autor, acesse:

quinta-feira, maio 03, 2007














POR CIMA DO MURO
lisieux

Não, não é por timidez
que eu não te telefono.
É que o amargo do abandono
entranhou-se em mim, de vez.

É por isso que preciso
andar pela tua rua,
passear, à luz da lua,
espiar o teu sorriso;
Ver janelas, edifícios,
rolar pelos precipícios
à procura de esquecer...

Mas não consigo, não quero!
Porque no fundo, ainda espero
ser amada pra valer.

E de ti, que me esqueceste,
eu guardo cada detalhe:
cada ruga, cada entalhe
do teu rosto, teu olhar...

E não me canso um segundo
de lembrar nosso passado
de desejo, de pecado.
Não me canso,
de esperar...

BH - 03.05.07
* Inspirado em "




















À MINHA MÃE
lisieux

Oitenta e três anos hoje ela faz...

E continua a ser essa menina,
amante dos prazeres
e das letras,
tão cheia de histórias
pra contar

Que me ensinou, assim,
sem nem sentir,
a ser mulher,
a ser esposa e mãe...

a fazer poesia
a gostar das pessoas
dos livros
das artes
.
.
.
da vida.
BH - 02.05.07

terça-feira, maio 01, 2007














TRABALHAR...
lisieux

Trabalhar ... verbo transitivo direto, primeira conjugação

Verbo que traduz uma opção... aliás, obrigação!
Obrigação de ganhar, com suor e com ardor,
diário pão...

Condução superlotada todo dia: ônibus, metrô, estação
moradia... estacionamento... trabalho... departamento
Pagamento...

Trabalhar... verbo que tem vida... conjugado no presente
pressente o enunciado do futuro... duro, como a gente.
Demente...

Trabalhar é como respirar... trabalhar é preciso!
Labutar sobre livros... vivos... no tablado liso
Sorriso!

Ao terminar o conto, a conta, a redação,
fração de segundo e logo vem a tentação:
Recomeçar!

Trabalhar é preciso... permissão não há para parar.
Retomar o que foi feito... ler, reler, dialogar...
Apagar!

Trabalhar ... é mesmo preciso? Acaso não é possível
deixar de ir à luta e, num momento inesquecível,
AMAR?

Cama, em vez de escrivaninha!
Relaxar! Saborear... Olhar a fêmea que se aninha...
breve instante...

Repousar do fardo tão pesado, senda crua
e ver deitada a musa, mulher tão linda e nua...
amante!

Bastante é o amor, doce compasso...adeus trabalho!
Mais vale o beijo,o louco abraço, o doce orvalho
do desejo!

lisieux - 02.06.03 - 03h12m