TURENNE
lisieux

E de repente tu me reapareces
retomando a "nossa história" esfiapada
de um ponto qualquer de nossa estrada...
como se o tempo não houvesse trancorrido
como se nós não nos tívessemos ferido
e nada fosse mesmo diferente.

E de repente eu me vejo, moça e bela,
debruçada frente ao computador
lendo emails que desfilam qual novela,
aqui na tela do meu monitor...

E de repente voltam todas as lembranças
com elas voltam o carinho e a saudade...
E eu recordo nossas frases de crianças,
nossos momentos de mentira e de verdade.

Eu só espero meu amado, meu amigo,
que não desapareças outra vez!
Que me deixes ser teu porto, teu abrigo
me contes tudo o que o destino mau te fez...

Também me deixes ser a tua companhia
compartilha os teus segredos, riso e pranto...
Conta-me toda a tua dor, tua alegria,
porque te amo e tu nem sabes quanto!

BH - 29.06.07

Reencontrei um amigo (ou ele me reencontrou)muito querido e não poderia deixar de registrar minha alegria aqui...Tomara que ele não suma mais... E tomara que ninguém reconheça a sua foto tb... rs - Bjos doces no teu bico, amigo!

DE BRUXAS E FADAS
lisieux

Hoje estou atravessando um daqueles momentos de trevas: momento de lembrar, relembrar, lembrar de novo... e de novo.
Saudade imensa de coisas antigas: cheiros, sons, toques, desejos. Saudade de tudo e de nada! Saudade da menina de cabelos escorridos que costumava habitar dentro de mim. Saudade de pirulito Zorro, de "quebra-queixo" vendido na porta do ginásio, de chicletes Adam's de caixinha, das saias de pregas e meias três-quartos e de beijos na esquina, escondidos e apressados, com sabor de proibido.
BAH! Pra quê é que a gente cresce? Pra quê envelhece? Coisa mais chata esta eterna briga que travo com o meu espelho que teima em me devolver uma imagem que eu não quero ver, que não combina, em absoluto, comigo, com as coisas que estão aqui, guardadas no meu peito, na minha mente-videotaipe que fica passando e repassando sempre os mesmos filmes (pior que a Sessão Coruja!).
Coisa chata me deparar com esta senhora meio-gorda, meio-velha, meia-sola, meia-idade... Coisa chata olhar nos olhos da mulher que me dá um meio-sorriso, ou me olha com olhar meio-atarantado como quem soubesse menos ainda que eu mesma, como é que foi parar do lado de lá, aprisionada e perdida num mundo maluco, como "Alice no país do espelho".
-"Ei... me tira daqui de dentro!" - ela grita.
E eu do lado de fora, também não me sinto eu mesma e quase quero pular pra dentro do espelho porque lá, talvez, a imagem ficasse congelada e não envelhecesse mais. Somos, eu e a mulher do espelho, duas faces de alguém que ficou perdido no tempo...
É. Melhor ir dormir e sonhar com nuvens de algodão... algodão azul de anilina... doce, como a minha infância, como os meus projetos de menina.
Melhor dormir e sonhar com duendes e fadas e esquecer por algumas horas a bruxa do espelho. Esquecer também a lisieux madrasta que sempre pergunta: "Espelho, espelho meu, existe alguém mais irreal que eu?" -
Amanhã, quem sabe, aparece uma fada-madrinha, com uma varinha de condão e faz retroceder o tempo...
E faz parar de doer meu coração...

BH - lá pelos idos de 2003...

DE CHEGADAS E PARTIDAS
lisieux

chegou, sentou-se
e acendeu o pito.
perguntou pelo café,
reclamou: tá demorando!
depois, levantou-se...
saiu pela porta
e eu me pergunto:
até quando?

BH - 25.06.07

BAGAGEM, em três versões...

BAGAGEM I
lisieux

blusão, lingerie, vestido
sapato, bolsa, cartão...
e tu, no meu coração.

BAGAGEM II
lisieux

comprei bilhete, fiz mala
tomei o trem... e parti.
Só que nunca te esqueci...

BAGAGEM III
lisieux

vesti-me de fantasia
fiz a mala de esperança:
pé no mundo... sou criança!

BH - 20.06.07

Inspirados em duplix de Paola Caumo e Sonia R.

HÍBRIDA*
lisieux

moram em mim mil mulheres:
meninas, jovens, senhoras,
também doces anciãs...
e elas são despudoradas,
são loucas, são desvairadas,
são inimigas e irmãs.

e nas brilhantes manhãs
são fadas, são feiticeiras,
são alegres, são faceiras,
brincalhonas, folgazãs...

de tarde são jovenzinhas
e nos seus vestidos leves,
correm, velozes e breves,
pelas campinas verdinhas
dos sonhos adolescentes...

de noite, viram bacantes,
são musas de seus poetas
são delicadas, ascetas,
são ardorosas amantes...

de madrugada, cadelas,
esquecem que são donzelas
viram loucas meretrizes...
e, competentes atrizes,
fazem da cama, felizes,
palco de suas novelas...

e antes que chegue o dia
se transformam em devotas,
que se perdem nas remotas
orações e romarias...
não são mais essas vadias,
essas malucas crianças,
que se balançam nas tranças
e se lançam nas orgias...

voltam a ser só mulheres
perdidas nos seus passados
cheios de vícios, pesados,
negros e amedrontadores...

mas, na verdade, só querem
curar os seus machucados...
e esquecer os seus pecados,
vivendo novos amores...

*inspirado em poema de mesmo nome, de Valéria Tarelho, que
pode ser lido aqui: http://almadepoeta.weblogger.terra.com.br

AMEM BASTANTE!

MOTE: Arlene Lima
Meus filhos, amem bastante;
sem amor a vida é morte!
Amem sempre, a todo instante,
o amor é lindo e dá sorte!

GLOSA: lisieux

Meus filhos, amem bastante;
não fiquem amargurados...
olhem para o sol, brilhante,
que aquece todos os lados.

E nunca deixem de amar,
sem amor a vida é morte!
E é necessário lembrar
que o amor é bússola e norte.

Não ter medo e ser confiante
é necessário, portanto...
Amem sempre, a todo instante,
livres de tristeza e pranto.

O amor é a mola da vida,
é paz, é porto, é suporte...
graça pura, imerecida,
o amor é lindo e dá sorte!

Ô MARIA...Ô JOÃO
daufen bach

Ô Maria...Ô João...

Maria desce a ladeira
corre pra feira...busca o pão
e João...?

João cachimba,
não quer pinimba
não quer desassossego,
João vive o oficio da paciência...

Maria sempre lhe tem um agrado
um chamego,
Maria gosta de João...

...e João cachimba, nada lhe faz mal,
joga três de areia,
um de cimento,
um de cal,
bate um reboco
e na plaina e no prumo
busca “aprumo”
para um sossego maior.

deixe Maria, diz João...
ela gosta dessa correria,
eu sempre agüento os cobres
pra custear essa vida de pobre...
Maria só sossega nos meus braços...

E Maria de dentes bonitos,
de coxas grossas
e sorriso infinito,
pechincha na feira
com seu jeito faceira...
sempre lhe é farto pão...

...pensa em João e não esquece a
birita, sabe que depois da brita,
de encher caixilhos em construção,
o suor deve ser recompensado
e João na cadeira esparramado,
num trago espanta o cansaço da
dura lida de privação.

Ô Maria...
Ô João...
como é difícil a feira da vida,
como é difícil a história em construção...

entre requebros e gingas
entre suores e fadigas
segue-se o caminho,
alinha-se o prumo
da feliz vida de servidão.

Ô Maria...
Ô João...

A CADA SONHO QUE TERMINA
lisieux

A cada sonho que termina
eu me desmancho inteira
como se o findar do sonho me levasse
a matéria de que eu era construída.
A cada sonho que termina fica apenas
um grande espaço de sombra e vazio,
uma nebulosa de melancolia
e uma desesperança
de recomeçar.
A cada sonho que termina eu penso
que não vale mais a pena acreditar...
Mas a minha alma de poeta sempre encontra
um meio de sarar os ferimentos,
uma forma de colar
os estilhaços
e de encontrar, em outra curva do caminho, novo motivo pra sonhar...

BH - 08.12.03

MELODIOSAMENTE
lisieux

É mavioso, amado, o teu cantar!
É tão serena, a voz da coração!
E diante dela, toda a criação,
cala-se e fica apenas a escutar.

E também eu, juntinho a ti, me quedo,
só para ouvir o canto do universo,
canto que brota, vivo, do teu verso,
que me acalanta e que me espanta o medo.

Maravilhosa é a voz do amor!
E eu fico a degustar esse sabor
das frases que procedem dos teus lábios...

Porque são mais sublimes que oração,
são mais melodiosas que canção
e mais preciosas que conselhos sábios.

BH - 29.06.05
03h23m

MINISTERIAL DE PASTORES

Parte da galera de pastores no Ministerial Regional
no Seminário Borda do Campo, em Antônio Carlos - MG
Dias 28,29 e 30 de maio de 2007.

AMIGOS DA "LISTA"
(leixa praim)
lisieux

* "Sem sentir por ninguém indiferença"
a todos sigo amando, nesta lista.
É necessário, sim, ser altruísta
em todos crer, sem perguntar a crença.

Sei que não é legal a impaciência
ou indelicadeza com alguém...
por isso tenho sempre a consciência
de que não sou melhor do que ninguém.

Uma lista é alegria, é diversão...
É permitida sim, a "panelinha",
desde que ela não seja de pressão...

Se nela cabe sempre outro poeta,
se é aconchegante e bem quentinha,
terá chegado sim, à sua meta.

BH - 15.08.05

* verso de Diógenes Pereira de Araújo
Por "lista", entenda-se o grupo de pastores, meus colegas de Ministério...
Na foto, eu e o Pr. Alysson Freitas, grande amigo de longa data.