Blue Eyes V

sexta-feira, novembro 30, 2007











O TEU SILÊNCIO
lisieux

Se silencias o canto, o verso, o verbo
e a verve calas nos porões da noite
se teus poemas guardas, tão avaro,
no fundo dos baús do esquecimento..

se não me dás as rimas tão plangentes
nem metrificas mais as tuas frases
se tu escondes líricos lamentos
e não me deixas ouvir o som dos ventos
por entre os versos dos poemas raros
cheios de dores e de sentimentos...

se não me falas mais de teus amores
nem deixas escapar os teus tremores
no ritmo cantante dos teus versos...

também eu emudeço, não converso
porque não sei falar de amor e sexo
se não ouvir da tua lira o eco.

BH - 30.11.07

quinta-feira, novembro 29, 2007

















VIDRAÇA
lisieux

Por trás do vidro
olhos vidrados

inverno
frio
fondue...

vinho
verde
olhos
verdes

verdejantes pastos

BH – 19.05.04

terça-feira, novembro 27, 2007

















ETÉREA
lisieux

Sou feita de fumaça, etérea... eterna
e vivo sempre a procurar, no espaço
lugar onde aportar o meu cansaço
fugir da lida da vida moderna
Porém, sem teu olhar, não tenho abrigo
Não tenho onde aportar, sem teu abraço...
sozinha então me estilhaço, e desintegro...

lisieux - Varal do Lun'as - março 2003

segunda-feira, novembro 26, 2007















OLHOS NO ESPAÇO
lisieux

Milhares de olhos me observam do espaço
sentinelas que seguem, atentas a mim
e dentro do peito, a triteza, estilhaço
da explosão que me fez fragmentada, assim
Mil pedaços de mim, voando pelos ares
e os olhos na amplidão... teus olhos estelares
quem sabe me conheçam... pois não sei de mim...

BH - março de 2003 - Para o Varal do Lun'as

domingo, novembro 25, 2007













AGRADECIMENTO ÀS "MENSAGENS POÉTICAS"
lisieux

"Na Sé da santa poesia" *
um beato já desponta:
Ademar, que com maestria,
da trova vem dar-nos conta
e traz a nós, todo dia,
da lança do amor, na ponta,
versos de sabedoria,
de paixão, ou nostalgia,
que deixa extasiada e tonta
a nossa alma de alegria!

lisieux - BH - 23.11.07

* Verso de Wellington Vicente - PE

Homenagem a Ademar Macedo (na foto, com o
netinho Guilherme), cabra porreta,que nos
alegra diariamente com suas "Mensagens
Poéticas".

sábado, novembro 24, 2007

















SETE
lisieux

Dizem que sete é número da sorte
e eu acredito, pois a história diz
que esse grupo, de galhardo porte,
em sete anos de viver feliz,
com seus varais, poemas, amizades,
no ombro solidário e companheiro,
enfeita a vida do país inteiro!

lisieux - BH - 24.11.07

Homenagem aos sete anos do Grupo
Luna e Amigos.

sexta-feira, novembro 23, 2007











NÃO SEI
lisieux

"...não sei se agora ou ontem" *

o galo canta
o sol desponta
o dia nasce

tudo parece
tão previsível
nada me espanta

mesmos barulhos
cotidianos
anos a fio

o galo canta
mesma cantiga
acordando a vida...

apenas eu
continuo
(bela) adormecida.

lisieux - BH
* verso de líria porto, usado como mote.

quinta-feira, novembro 22, 2007












FIZ-ME
lisieux

Fiz-me nostalgia
quando vi as estrelas
apagando-se uma a uma...

Fiz-me poesia
quando a tua luz
substituiu a delas...

lisieux - BH
06.11.07

quarta-feira, novembro 21, 2007













SEM ROTA
lisieux

Voa, meu sonho alado...
abalroa o meu presente
e despenca em meu passado...

Nova Friburgo - 26.01.04

terça-feira, novembro 20, 2007
















PRECONCEITO?
lisieux

A cor da pele é banal
se nosso esqueleto
é igual...

BH - 12.09.07

PRECONCEITO II
lisieux

Se toda gente é igual depois de morta,
saber a cor da pele,
o que importa?

BH - 12.09.07

Pelo dia Nacional da Consciência Negra.

quinta-feira, novembro 15, 2007

















REJUVENESCIMENTO
lisieux

Antes de ti era velha,
fim de estoque,
baixa-estima...
depois de ti, adolesço...
faço verso, arrisco rima...

sou moça, talvez menina
sem retoque ou purpurina
voltei a dar-me bom preço...

Amar-te não é fim
é começo.

BH - 12.11.07

quarta-feira, novembro 14, 2007













HOMEOPÁTICO
lisieux

Conta-gotas as carícias,
parcas, avaras,
pura parcimônia...

reviro na cama sem motivação...

Insatisfação
acompanha essa insônia.

BH - 09.11.07

terça-feira, novembro 13, 2007













DESILUSÃO
lisieux

Antes de ti era velha,
centelha quase apagando...

Depois de ti fui criança
fui flores de primavera,
fui mar na rocha, cantando
fui sonhos, fui esperança.

Hoje, de novo sozinha,
eu sou aquela andorinha
que já não faz mais verão...

sou solitária canção.

BH - 20.10.07

segunda-feira, novembro 12, 2007











INÚTIL
lisieux

Mudar não traz benefícios.
Só trocamos de amores
e de vícios...

BH - 01.01.07

domingo, novembro 11, 2007

















AINDA TE LEMBRO
lisieux

Depois de tanto tempo
ainda rabisco teu nome
em cada folha de papel...

Ainda lembro a história
linda e breve,
inglória
do nosso amor...

Depois de tanto tempo
ainda perco a fala,
o ar, o chão...

E ainda choro
em vão.

BH - 12.11.07

sábado, novembro 10, 2007









ADUBO
lisieux

Meu verso está contido
numa gota d'água
prestes a se derramar
da folha, num jardim...

E ela vai dessedentar o solo,
fazer brotar a flor...

que contará a história
do nosso eterno
amor.

BH - 11.11.07

sexta-feira, novembro 09, 2007

















VALSA DOS DEDOS
lisieux

Teus dedos mordem segredos
tornam, torpedos
sobre arfantes seios

pulam, precipíos,
estouram
fogos de artifícios
passeiam alamêda,
nas meias de seda...

colhem flores roxas,
no centro das coxas

deslizam, deslizes...
e morrem
felizes...

















CANÇÃO DE SER TRISTE
lisieux

Como ser otimista, radiante,
se minha estrela (astro inconstante)
vive no céu, a se esconder assim?
E como vou sorrir, se nesse instante,
me ataca o coração punhal cortante,
e só me faz sentir pena de mim?

Como levar nas mãos raio brilhante
se o meu olhar, outrora cintilante,
se apaga estando assim longe do teu?
Como cantar a musical corrente
dos rios calmos, se feroz enchente
deságua sem parar no peito meu?

Como descer da serra uma vertente
a saltitar, plena de luz, contente,
se o meu caminho é tão empoeirado?
Como soltar a voz suavemente,
se dos dos meus lábios brotam, de repente,
triste gemido, vindo do passado?

Empoeirado também fica o meu plangente
violão que era o amigo e confidente
nas lindas melodias de paixão.
Mas hoje abandonado, ali, silente,
ele não fala mais à minha mente,
nem toca as cordas do meu coração.

E o que eu posso, amado, é tão somente,
tentar deixar o coração dormente,
fazer de conta que tenho alegria...
Mas não consigo - o meu olhar não mente -
sorrir pro mundo todo, futilmente,
trazendo a minha alma tão vazia...

E na verdade o que me faz doente,
que faz doer o peito, de repente
e joga a sanidade nos desvãos,
é a minha poesia inconseqüente
que faz-me amar-te indefinidamente
e que me entrega toda em tuas mãos.

BH - 09.11.07

quarta-feira, novembro 07, 2007













LISIEUX
Eron Vidal de Freitas

Se o verbo de seu tema é repetir,
na bela crônica da repetição,
Fico à vontade para insistir
que tenho por você grande afeição!

Se me fora dada a força de insistir,
na busca de minha admiração...
não haveria pecado ao reincidir
confessando pra voce essa "afeição"!

Pelo sim e pelo não eu quero usufruir
de seus versos carregados de emoção,
que guardo com carinho para repetir,

Quando me exigir meu pobre coração,
na ânsia de aprender que é bom recair
na repetição do que é belo e... são!

- Ganhei o poema de um novo amigo. Adorei e compartilho!

terça-feira, novembro 06, 2007
















ASAS DE NÃO VOAR
lisieux

Assim que nasci, ganhei asas.
Acho que um anjo, muito do safado, queria que lhe fizesse companhia.
Assim, deu-me asas. Asas e poesia.
Ou asas de poesia, sei lá.
Meu primeiro choro já foi cadenciado, com o ritmo da trova; minhas dores de barriga, certamente, faziam-me berrar estrofes que só minha mãe, também poeta, entendia.
Minhas canções de ninar foram sonetos... Meu quarto de dormir, não era quarto, era quarteto... O terço com que minha mãe me “encomendava” à santa de devoção, era terceto... e a forma poética tomava conta dos meus sonhos.
Vivi a minha meninice brincando em poça d’água, ouvindo canções de chuva no quintalzinho cimentado, pequeno e feio... mas que as minhas asas faziam parecer imensidões. E a mirrada pitangueira cujos galhos ultrapassavam o muro do vizinho e balançavam na direção do meu olhar de menina, parecia a única das árvores de mágica floresta... floresta sobre a qual minhas asas me alçavam, a descobrir ninhos de pardais, a fotografar o verde desbotado que parecia tão viçoso aos olhos infantis.
Ninguém, porém, conseguia ver-me as asas. E eu não entendia como, pois elas saiam teimosamente pelas mangas da camisa surrada, cresciam velozmente, mais que os meus anos me espichavam, e, a cada vez, me levavam mais longe, mais alto... em direção ao espaço anil.
Adolescente, as asas já me tomavam o corpo, substituíam braços que não conseguiam abraçar o mundo. As asas podiam... não só abraçar como ficar acima dele. Por ter asas, eu não precisava pisar o chão, o lodo, a lama. Não tinha porque ferir os pés em pedregulhos ou espinhos. Do alto, asas abertas, planava sobre o universo, indiferente à realidade. E as canções de protesto, nos lábios juvenis, tomavam forma de hino, cântico de passarinho, trinado de amor e de paz.
Amigos, parentes, professores, ninguém enxergava as asas... e isso me parecia bom, pois assim, ninguém me podia impedir de voar.
Adulta, as asas não me cobriam mais apenas o corpo... extensão de mãos e de alma, tornaram-se meu próprio eu. Não tinha mais fisionomia, formas, a não ser as grandes e brancas asas, passaportes de liberdade.
Mas... um dia, sem que eu percebesse, as penas começaram a cair... primeiro uma, talvez quando consegui o meu primeiro emprego, ingressando no universo competivo e cruel, no mercado de trabalho... Outra se foi quando me casei... outra mais, e mais outra, ao nascimento de cada um dos filhos, a cada noite de sono perdida, a cada ruga de preocupação com o futuro das crias.
Várias delas de só uma vez, à primeira desilusão de amor... Outras tantas através das decepções com verdadeiros e falsos amigos... E a quase totalidade das restante, à ultima das desilusões, canto de cisne da maturidade...
Com o passar do tempo, assim como os artelhos já não mais nos obedecem, minhas asas cismaram de desaprender voar. Foram mirrando...
Engraçado que, quem não as via quando eu era jovem, passou a enxergá-las quando elas já estavam meio despencadas e sujas...e, em vez de tentarem limpá-las, escovar as penas, restituir-lhes a beleza e majestade, qual nada... ajudavam, maldosamente, a arrancar-lhes as penas... a quebrar-lhes as pontas...teimavam em tentar escondê-las sob os vestidos... principalmente, ironia, sob as vestiduras brancas da religião, que deveria ser o território preferencial dos seres alados, sonhadores, libertários e puros.
E, a cada vez que eu tentava, teimosamente, alçar vôo mais uma vez, alguém, como passarinheiro, estava a postos, estilingue em punho, e...lá se ia, levada pela pancada e pelo vento, mais uma leve e frágil peninha branca.
Hoje, ainda tenho asas. Infelizmente ainda as tenho, bem camufladas pelas mil máscaras que sou obrigada, diariamente, a ostentar...
Mas são asas de não voar. Pássaro engaiolado, arrisco derradeiro cântico. Ainda que nem eu mesma, muitas vezes, não mais o consiga escutar.

BH – 06.11.07

segunda-feira, novembro 05, 2007

















EU TE QUERIA ASSIM
lisieux

Eu te queria assim sem convenções,
lugar-comum ou falsas pretensões,
sem perguntas, sem talvezes ou senões,
sem precisar renunciar aos sonhos meus.

Eu te queria ter assim, suavemente,
sem ter que implorar, sem ser carente,
ou ter que repetir, constantemente,
que eu necessito dos carinhos teus...

Eu queria te querer sem ter pudor,
sem brigas, sem beicinhos, sem rancor,
sem saudade, sem ciúmes, e sem dor,
sem ter que maltratar o coração...

Queria mergulhar nos braços teus...
sem nenhum medo de dizer adeus
sem precisar orar a nenhum deus,
sem nunca precisar pedir perdão...

BH - 01.11.07

domingo, novembro 04, 2007















TROMPETE
lisieux

Ella canta jazz
enquanto eu choro
blues...

BH - 23.01.07

.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.

TROMPETE II
lisieux

Soul on the rock's
derreto ao som
do jazz...

BH - 23.01.07

sexta-feira, novembro 02, 2007











DIA DOS MORTOS ?
lisieux

Os mortos, por certo,
não podem ver nem ouvir...
não dão conta
de sua (in)existência
não têm competência
pra chorar ou rir...

Não sabem que dia
está no calendário,
não querem salário,
não comem ou dormem,
não brincam, passeiam,
não sentem prazer...

Os mortos não louvam!
Não sabem de Deus
não choram os seus
que ficaram pra trás...

Aliás,
os mortos são mortos.
Não voltam, JAMAIS.

Portanto louvemos
ao Cristo dos Vivos,
Aquele que pode
nos dar Salvação...

Que a Morte venceu
pra dar-nos a Vida
abundante e eterna,
se n’Ele confiamos...

seguindo Seus passos
pra que, nos Seus braços
tranqüilos, morramos.

BH – 02.11.07