Blue Eyes V

sexta-feira, março 30, 2007



















MOTE:

E agora, vejam que excentricidade :
- Livre das dores e dos desenganos
adormeci em plena mocidade
e despertei fazendo 80 anos !
(Aldemar Paiva - in: Meus 80 anos)

GLOSA: lisieux

E agora, vejam que excentricidade:
a vida inteira tive a minha meta
- ser uma agente de publicidade -
e cá estou, fingindo-me poeta.

- Livre das dores e dos desenganos
que o mundo espalha nas minhas esquinas
eu continuo a tecer meus enganos
em meios aos sonhos, que tive em menina.

Adormeci em plena mocidade...
não percebi que a vida, cruelmente,
sulcou meu rosto... e que a felicidade
abandonou-me um dia, de repente.

E despertei fazendo 80 anos!
Não posso mais amar, nem ser feliz...
Mas inda posso, relembrar os planos
que arquitetei e que reais eu fiz.

BH - 01.04.06

segunda-feira, março 26, 2007












ALBATROZ
lisieux

As asas de gigante impedem-no de andar *
dizia Baudelaire, acerca do albatroz...
e sua afirmação também fala de nós
poetas cuja sina é sempre alto voar.

Poeta embora eu seja e de voar entenda
no peito trago a dor dos passarinhos presos
e canto nos meus versos amores e segredos
sabendo que às vezes, não posso o vôo alçar.

No céu dos meus poemas, viajo uma ilusão
e quase nunca tenho os pés no árido chão
pois é imprescindível que eu tenha liberdade.
E como as do albatroz, as minhas asas são:
se estão fechadas, impedem a locomoção,
se estão abertas, voam ao encontro da saudade.

São Paulo - 03.03.07
* Baudelaire

domingo, março 25, 2007















Mote: Arlene Lima


Em cada neto que nasce,
toda vó rejuvenesce;
mesmo com rugas na face
beijar netos enobrece!


Glosa: lisieux

Em cada neto que nasce,
eu me sinto mais mocinha
até parece, renasce
do passado, a menininha.

E através do netinho
toda vó rejuvenesce;
pois é remédio o carinho
que a criança lhe oferece.

Ninguém há que me negasse
a juventude encontrada
mesmo com rugas na face
minh'alma foi restaurada!

Ser avó é grande evento,
nenhuma mulher esquece...
Não duvide um só momento:
beijar netos enobrece!

BH - 18.03.07

quinta-feira, março 22, 2007















HÁ POESIA
lisieux

Há poesia na união dos corpos
há poesia em toda natureza,
no céu, na terra, rios... na beleza
das estações, do tempo que não pára.

Há poesia na manhã tão clara
e na escura e densa noite fria...

Em tudo, em todos...
no universo:
Há poesia!

BH - 18.03.07

quarta-feira, março 21, 2007














ANDORINHA
lisieux

Dizem que uma andorinha,
sozinha não faz verão...
por isso é que a pobrezinha
arrasta a asa no chão,
pra erguer a irmãzinha
que morreu, sem proteção.

Nem o homem sobrevive,
sem ter amor, companhia...
não aguenta a solidão!
Portanto nós precisamos,
estar sempre em sintonia
com a alma do nosso irmão.

BH - 19.03.07
Feito para o varal nº 14 do Lun'as

segunda-feira, março 19, 2007




















Glosando Arlene Lima
lisieux

MOTE:
Queres ter a proteção
de Jesus a todo instante?
Abre bem teu coração,
para amar teu semelhante!

GLOSA:
Queres ter a proteção
vinda do mais alto céu,
queres ter luz, direção,
retirar da face o véu?

Queres ter a companhia
de Jesus a todo instante?
levar no peito a alegria
de forma plena e constante?

Reparte com teu irmão
tudo o que tens e que sentes
Abre bem teu coração,
do amor espalha as sementes.

Busca na fé o incentivo
ora sempre, a todo instante...
e encontrarás o motivo
para amar teu semelhante!

BH - 17.03.07

domingo, março 18, 2007















LUNÁTICA
lisieux

Lunática sou eu...
A minha avó
com escura lua nova conviveu...
Vovô sonhou UM QUARTO
e no seu céu
até mesmo esse quadrante
esmoreceu...

Papai sonhou apenas MEIA lua
e sem vê-la crescente
faleceu...
Mamãe teve mais sorte
e UMA lua
redonda e cheia
no seu céu permaneceu

até que eu cheguei, sonhei
e fui tão louca
que essa única lua
repartiu-se...
e hoje já são mil.

Estão brilhando
no meu céu de fantasia
a iluminar toda minha
poesia!

BH - 18.03.07
Resposta poética à poesia de líria porto: "aluando".

quarta-feira, março 14, 2007













ESTIGMA
lisieux

Mulher somente
sem nome ou sobrenome
só um pronome
pessoal e reto...

ELA, mulher,
sem rosto
sem idade
em busca eterna
de identidade.

Mulher somente
perdida no caminho,
percorrido sem favores...
nos tornozelos
grilhões.

Tantos sonhos tecidos
dos azuis novelos...
Inúteis, solitários,
seus apelos.
Gritos nascidos
dos porões da covardia,
que ela sofreu,
no decorrer dos séculos.


Mulher somente
sem ter voz
nem vez...

Que se rebela, enfim,
contra a selvageria
e busca liberdade,
ainda que tardia...
BH - lá pelos idos de 94

terça-feira, março 13, 2007















RUPTURA
lisieux

Sempre que sais, bates a porta
fazes bico
eu fico com um buraco no meu peito...
E não tem jeito, o olhar se turva,
a água escorre
e quase morre a minha alma de desgosto...

E tu tens gosto de fazer sofrer assim
a tua Flor, que tanto quer fazer-te bem?
Ela é refém do teu desejo e não se cansa
de ser criança e de sonhar doce futuro...

Por isso juro, eu não quis brigar contigo!
E eu te digo, "me perdoa, meu amado".
Volta pro lado da poeta que te ama
e que te chama
lá dos cantos do passado...

BH - 12.03.07

segunda-feira, março 12, 2007
















O OLHAR DE LISIEUX
Ademar Macedo - RN

Seus olhos da cor de mel,
para mim, não são estranhos,
alguém pintou, lá no céu
seus lindos olhos castanhos;
que numa imagem tão pura
mostra um olhar de ternura
e quando olhas para os meus,
eu me perco nos abrolhos;
pois nunca vi outros olhos
mais bonitos que os seus!

11.03.07


Claro que tem que ser MUITO poeta, pra dizer isso tudo dos meus olhinhos míopes! Mesmo porque eles mal aparecem atrás dos óculos... rs - OBRIGADA, Ademar! Adorei o poema.

domingo, março 11, 2007















"EU NÃO ME ACOSTUMEI NAS TERRAS ONDE ANDEI" *
lisieux

Andei, andei, por todos os lugares
e encontrei só pedras nos caminhos;
não vi nos céus estrelas e luares
e nos canteiros, só colhi espinhos.

Em todos os lugares onde andei
havia apenas sofrimento e dor
não fui feliz, porque não encontrei
nem paz, amigos, esperança, amor.

E por não ter me acostumado, enfim,
com todo mundo que passou por mim
e com os lugares onde eu fui morar,

Estou de volta à casa de onde eu vim,
pois foi possível perceber, por fim,
que o filho um dia, volta ao velho lar...

BH - 11.03.07
09h49

* O título é um verso de uma música do Pe. Léo, da Canção Nova, falecido recentemente.

Poeminha feito de improviso para demonstrar minha alegria em voltar ao grupo Sarau Libertário do qual estive ausente por um bom tempo...

sexta-feira, março 09, 2007

AVE
lisieux

Luz e calor.
Sol a pino.
Ladeira íngreme.

Leva a trouxa.
Canta...conta.
Quando foi?

Enquanto sobe,
quase ela sente
a mão do homem,
desejo urgente:
“te deixo não!”

Voz de trovão...
olhar de maresia...
O Pai
do Filho.

E o estribilho
que ela entoa,
grito que ecoa,
que reverbera,
desce a ladeira,
bate no chão.

O sol no céu,
olhar ao léu,
sobe a ladeira...

Água na bica
olhos vermelhos
água no fogo...
água nos olhos...

Leite não tem
para a mamadeira...
feijão pros filhos
(todos os seis)
também não tem não...

Maria canta...
Maria voa
Maria entoa
triste canção.

Maria... é ave
de arribação...

AVE
Maria.

BH - 08.03.07
Pelo Dia Internacional da Mulher

terça-feira, março 06, 2007














QUASE
lisieux

Quase eu te amo assim como eu queria
e quase eu fui feliz como eu sonhei
quase também contigo eu encontrei
a paz que a minha alma perseguia...

E quase eu fui amada de verdade,
quase que eu consegui ser companheira,
ser mulher, ser amante, ser inteira,
quase alcancei a tal felicidade.

E quase hoje eu posso te dizer,
que quase nada tenho que perder
e ainda tenho força de vontade

pra conseguir a todos enganar,
pra me iludir e quase acreditar
que eu quase não me acabo de saudade!

BH - março de 2007

segunda-feira, março 05, 2007



















COMERCIAL
lisieux

Provoca sonhos, desfoca
COCA

Não é super-bonder, mas junta
COLA

No mundo globalizado
é proibido gostar de
Mate Couro!
São Paulo - Casa das Rosas
03.03.07

sexta-feira, março 02, 2007















TROVINHAS NO ORKUT
lisieux

Meu amor me deu castigo,
esperneou, criou caso...
Quase terminou comigo
por um minuto de atraso!

Não utilizes o truque
de fingir que não me queres...
Pois eu, nem que seja a muque,
te tomo de outras mulheres!

lisieux - BH