quarta-feira, fevereiro 28, 2007
sábado, fevereiro 24, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
segunda-feira, fevereiro 19, 2007

“Trago em mim a dor de todos os passarinhos presos” – verso de um poema que li num ônibus (infelizmente, não lembro o nome do autor)
“Ai de mim se não pregar o evangelho” – Paulo Apóstolo
Bom... vocês devem estar se perguntando porque eu citei essas duas frases, aparentemente sem nenhuma relação. É que muitos não sabem que sou pastora Metodista, além de poeta e que muita gente diz que essas duas atividades são incompatíveis. Sinceramente, às vezes, acho que essas pessoas estão certas.
Mas quero dizer-lhes que trago comigo muitas esperanças: esperança de um futuro melhor, de poder fazer um bom trabalho na minha comunidade de fé, de ter a possibilidade de ajudar a amenizar o sofrimento das pessoas que estão aos meus cuidados, esperança de que a Igreja mundial, como instituição, vença os obstáculos que os homens, os dirigentes cheios de si, colocaram no caminho da pregação, da implantação do Reino de Justiça e de Paz que o Cristo pretendeu inaugurar ainda quando vivia neste mundo, etc. etc.
Quero dizer também que não estou “pregando” aqui... porque não sou dona da verdade, muito menos de Deus, seja que nome ou forma Ele tenha pra cada um de nós, portanto, sei que só o diálogo ecumênico e inter-religioso é capaz de fazer com que superemos nossas diferenças e nos preocupemos mais com o outro e menos com a gente, com nossos pequenos egoísmos e arrogâncias, aprendendo a viver, assim, o verdadeiro amor, o Ágape, ensinado por Jesus.
Mas mesmo tendo todas essas esperanças, sinto-me impotente e frágil. E continua habitando dentro de mim a tristeza, a insatisfação, a vontade irrefreável de voar sempre mais... e mais alto. Permanece a ânsia por realizar sonhos e por saciar desejos que não têm nada a ver com religião e que, por mais que eu tente ignorar, fazer de conta que não existem, continuam a incomodar, a ferir, como asas de pássaros presos que fustigam e machucam o peito, ávidas por sair... garras de aves selvagens que arranham e rasgam, gritando por alcançar a amplidão azul.
Pergunto-me quando vou me aquietar, quando vou conseguir matar o pássaro do desejo, e fazer calar essa desesperada “senhora liberdade” que não se conforma e não se deixa formatar pela sociedade, por nada, nem por ninguém? Quando vou deixar de sonhar com píncaros e colocar, finalmente, os pés no chão?
Sei que posso e que devo pregar, aconselhar, cuidar das minhas ovelhas e ter uma postura digna, dar exemplos de conduta e de espiritualidade.
Mas por dentro, amados, nas insones horas da madrugada, sinto que o vulcão continua ativo... e sua lava inunda e queima o meu interior, sufoca-me e me deixa em agonia!
Se eu fosse uma freira da idade média, certamente estaria ajoelhada sobre bagos de milho, chicoteando minhas costas desnudas, a fim de penitenciar-me por estar ainda tão apegada às “coisas do mundo”, aos poéticos cânticos, em vez de apegar-me apenas ao Evangelho...mas, como estamos em pleno século XXI, como posso “fustigar-me”, com o que posso me “punir” a fim de exorcizar de mim os meus fantasmas?
Existe uma poeta louca que habita os porões de minha alma. Por que ela não se cala? Por que não recolhe seus trapos e seus pedaços de papéis rabiscados e se esconde no mais profundo da minha mente, deixando que a mulher “séria” venha à tona o tempo todo? Por que essa trovadora desvairada não pode ser silenciada, pisoteada, morta? Por que ela insiste em cantar seus versos, adversos, perversos, controversos?
Queria poder amordaçar essa poeta, essa insana criatura que me faz sofrer, que duela o tempo todo com a “outra”, comedida, gentil, religiosa. Queria colocar grilhões inquebrantáveis nos pulsos dessa mulher, a fim de que ela nunca mais escrevesse uma linha sequer de poesia... Queria aprisionar pra sempre essa criatura descabelada, de olhar demente, insaciável a fim de que a pastora pudesse seguir calmamente o seu caminho, como o Homem de Nazaré que “andava fazendo o bem”.
Afinal, de que serve a poesia? A Teologia é mais útil, porque a primeira é fantasia e a segunda é vida eterna... mas essa semente “maligna” insiste em brotar no solo da minha alma... não sou capaz de arrancar essa erva daninha... não sou capaz de calar a trovadora, não sou capaz de esterelizar a semente da poesia.
Lido, desde menina, com palavras... e, para mim, a palavra perde e ganha significado, apenas através do verso... com o qual assino a minha sina de poeta. Sina da qual não posso fugir. Como também não posso fugir da minha vocação religiosa, do meu amor pela Teologia, que também é PALAVRA, essa maiúscula, porque RHEMA, palavra criadora.
Mas se também a poesia é criação, novamente me divido. E, não tenho, portanto, como fugir dessa dualidade. Assim, respondo aos que dizem que pastora e poeta não podem conviver, que eu permaneço, diante da palavra, tão desconcertada e passional como sempre fui... E sigo escrevendo, poesia e sermões...
Tentando com todas as forças levar a Palavra profética àqueles que precisam e a palavra poética a todos quantos ainda sabem sonhar...
domingo, fevereiro 18, 2007

Eu vim do sopro d'Ele, vim ao mundo
E vou, um dia, descansar nos braços

(relendo Rô Aliberti, em "Quaquaraqua-quá")
lisieux
Falta pouco pra folia começar
pra quatro dias (só 4?) de descontração
pra todos se esquecerem da inflação,
e até da morte do menino João,
e arrastarem no asfalto, almas, corpos
fantasias e carros alegóricos.
Falta pouco pra vivermos ilusões
de sermos faraós e odaliscas
de sermos esquimós, duendes, fadas,
sermos de tudo um pouco, na avenida...
Falta pouco para enchermos os salões
de marchinhas retiradas do baú
e estourarmos o cartão do Itaú
e gandaiarmos sem preocupações.
Falta pouco para o sexo rolar
(com camisinha, que á para não engravidar)
pra desfilarem nas Escolas corpos nus
à vista dos olhares do estrangeiro
e pra galera enlouquecida se soltar
na carniça esvoaçar feito urubus
nas praias do meu Rio de Janeiro.
Falta pouco... pra folia se acabar
e o povo retornar à vida morna
voltar para as famílias e os empregos
pra rezarem ladainhas e promessas
pra viverem apertados e com pressa
a vida de operários, de "pelegos",
só à espera de outro carnaval chegar...
BH - 17 de fevereiro de 2007
sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas! _ Mário Quintana
Concordo com ele, como sempre...
Se a gente não puder sonhar, estaremos perdidos! E quanto mais olho as estrelas, brilhando no céu já de verão aqui em BH, mais perto estou das estrelas que brilham no céu de Gravataí, as mesmas que tu olhas... sonhar com estrelas... ou com o que elas significam... poético... mas triste! Aliás, triste como tristes são todos os poetas!
Coisas inatingíveis! Pessoas inatingíveis... sentimentos indecifráveis... “incorrespondíveis”! (palavra fresquinha, acabada de ser inventada por mim) ... mas, nem por isto menos reais, menos desejáveis! Pra falar a verdade, quanto mais inalcançáveis parecem as coisas e pessoas, mais as desejamos... acho que cada ser humano é um pouco masoquista... sabe que sofrerá por desejar o que não pode alcançar, mesmo assim, fica alimentando o desejo, guardando a lembrança do objeto do seu querer, sonhando com ele diuturnamente... ainda que isto cause, a cada dia mais e mais tristeza e sofrimento...
Gente ainda mais difícil de entender são os poetas... que podem fazer com que o sofrimento que consome e mata, pareça bonito, que podem fazer com que a dor torne-se companheira tolerável e que a saudade seja até bem-vinda!
Bah! Melhor não prosseguir... porque os poetas têm tb o “dom” de se tornarem amargos... e, às vezes, ficam repetindo monotonamente o mesmo “refrão”... e, assim, acabam fazendo com o que leitor o abandone... indo em busca de novas emoções...
Mas... pensando bem... não adianta muito... porque as “novas” emoções buscadas em novos poetas, jamais serão de fato novidades... porque o sentimento que as trarão à tona, sempre será o mesmo: O AMOR... mola-mestra que impulsiona a alma dos poetas de todas as idades e de todas as gerações...
É isto... repetindo... repetindo-me... repetindo-me-te repetindo-repetindo o refrão... sempre repetindo... porque não existe nada de novo debaixo do céu... é tudo repetição...recriação...
E o amor.. é sempre o mesmo amor...
BH - lá longe, no passado...
quinta-feira, fevereiro 15, 2007

lisieux
Áspera rotina
me arranha
tece, teia de aranha
enreda, enredo,
os meus sentidos.
Véspera de sábado
faço faxina
levo o lixo
pra esquina
perfumo meu quarto
sacudo os vestidos.
Abstrato,
teu retrato
me olha sisudo
ali
do criado-mudo...
Final de semana,
sem festa, sem grana
sem graça
sem nada.
segunda se avizinha
....
e pra minha tristeza
veloz, a aspereza
de novo
espezinha
repete
rotina
e o teu retrato
continua
a me fitar...
BH – 13.07.06
20h09

lisieux
(do baú...)
Como é que eu consegui te amar assim,
se nem um só motivo tu me deste?
Se logo no começo, me disseste
que tu não eras ideal pra mim?
Como é que eu consegui me apaixonar
se não tinhas por mim nenhum desejo?
Se mesmo o gosto doce do teu beijo
me deste por não ter a quem mais dar?
Por que eu fui me entregar feito criança?
Por que nutri no peito essa esperança
de toda a minha vida estar contigo?
Como eu pude pensar que eras só meu,
se o teu “amor” depressa se perdeu,
E hoje não és nem mesmo meu amigo?
BH - 01.05.03
terça-feira, fevereiro 13, 2007

Era o par - todos notavam -
segunda-feira, fevereiro 12, 2007

®Lílian Maial
Comoção nacional, eu sei, mas não consigo trabalhar as coisas com o imediatismo e a falta de memória da população. Não consigo me assustar em proporções maiores com o caso desse menino que morreu arrastado por 7km, preso pelo cinto de segurança ao carro que os bandidos roubaram, e que sua mãe não conseguiu soltar, na pressa, do que com outros meninos arrastados a uma vida que não tiveram escolha.
domingo, fevereiro 11, 2007

A poesia tem salvo conduto
Condutora, ela é pura!
É arte! Transcende!
Dizem que pensar é transgredir.
Certo! Nada mais limpo. Humano!
Que o coração do poeta gritando.
Se o poema nasce com regra...
Não nasce, padece no ventre.
Ou morre ali...mais à frente.
O poema tem que ser livre
Não é versículo bíblico
É o grito de amor desesperado
Que se dá, sem cuidado...
Para entrar como oxigênio no sangue,
No corpo e n’alma dos apaixonados
Se ele for cerceado, censurado
Por moralistas desinformados
Os versos murcham, morrem, matam!
Como mataram o menino arrastado.
Covardes, esquecidos do amor...
Vocês são os profetas do ódio
O mesmo que vive escondido
No coração desumano dos criminosos.
Que esquecidos do amor...condenam
O que há de mais belo: a sensibilidade!
De saber que nascemos para criar
É aqui que mora a vida, a felicidade...
Poder se expressar quando a dor,
O desamor, a selvageria, a barbárie
Quer tomar o lugar da Paz.
Por que não conjugar o verbo AMAR?!
Este lindo poema do meu amigo poeta me falou ao coração. Fica pois aqui, pertinho do meu, gritando pela vida crestada tão cedo, do garotinho... Bjokas, amigo... p(r)o(f)eta.
sábado, fevereiro 10, 2007
sexta-feira, fevereiro 09, 2007

lisieux
Se tudo muda, porque permanece
no peito meu esta saudade insana?
Se muda o mundo, como, me parece
sempre voltar, ciranda desumana?
Não muda nada! Permanece tudo
tão imutável, tão vazio e mudo
como nós dois, perdidos, desgarrados...
Se atentares, podes ver, amado,
que na verdade, nada é diferente;
que tudo volta, sempre, à nossa mente
e que só repetimos, no presente,
tudo o que nós vivemos no passado.
Somos ainda as mesmas pessoas...
e ainda temos muitas coisas boas
que apenas nos poemas nós mostramos...
E embora ambos estejamos mudos,
nada mudou:
ainda nos amamos!
BH – 07.02.07
quarta-feira, fevereiro 07, 2007

lisieux
Tua loucura não é senilidade!
A tua idade não é responsável
pela infindável sede de ternura...
Porque, amado, em qualquer idade
temos necessidades e carências
e a latência do desejo grita,
seja nos velhos, ou na juventude.
Tua loucura é, pois, só a vontade
de liberdade, de despojamento,
breve momento de descompostura...
Não é pecado desejar carinho
ter o gostinho de saber-se amado
e desejado, sem cobrança ou tédio.
Melhor remédio para a solidão
é fazer versos, plenos de paixão,
para uma musa, mesmo virtual...
E se é loucura teu forte desejo
sem nenhum pejo eu digo, criatura,
que também trago em mim essa loucura
e que não vejo nisso nenhum mal.
E no meu caso, sou mais louca ainda,
porque carrego uma ternura infinda
e por ti tenho uma paixão real.
BH - 07.02.07
terça-feira, fevereiro 06, 2007

lisieux
O meu poeta,
me virou as costas
e desapareceu...
Foi-se de repente,
na nuvem pesada,
no raio, trovão,
na chuva, torrente,
na água, enxurrada,
elementos em fúria
no meu coração.
Sumiu bem ali,
numa curva de estrada.
E o fio do verso
ficou esticado,
chorando, plangente,
qual corda retesa
de um violino...
Qual fera, qual presa,
calado, dormente,
maluco, perverso,
total desatino...
Queria enrolar
o novelo do verso
trazê-lo pra perto,
apertá-lo em meu peito...
Porém eu receio
poeta querido,
que o fio se rompa,
se parta no meio...
Depois de rompê-lo,
tu fiques, pra sempre,
rodando no meio
do verso,do sonho,
cruel pesadelo.
BH - 05.02.07
domingo, fevereiro 04, 2007
sábado, fevereiro 03, 2007
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Seminua
Dos cacos de vidro que cobrem as ruas,
Menina franzina
até mesmo chorar.
Menina, menina...
Devias estar
Devias sonhar,
Tu és Cinderela,
Que fazes, menina,
Colorido?
Ah!
BH - 23.01.07