Blue Eyes V

terça-feira, fevereiro 06, 2007















DE COSTAS
lisieux

O meu poeta,
me virou as costas
e desapareceu...

Foi-se de repente,
na nuvem pesada,
no raio, trovão,
na chuva, torrente,
na água, enxurrada,
elementos em fúria
no meu coração.

Sumiu bem ali,
numa curva de estrada.

E o fio do verso
ficou esticado,
chorando, plangente,
qual corda retesa
de um violino...
Qual fera, qual presa,
calado, dormente,
maluco, perverso,
total desatino...

Queria enrolar
o novelo do verso
trazê-lo pra perto,
apertá-lo em meu peito...
Porém eu receio
poeta querido,
que o fio se rompa,
se parta no meio...

Depois de rompê-lo,
tu fiques, pra sempre,
rodando no meio
do verso,do sonho,
cruel pesadelo.

BH - 05.02.07