MÃOS
lisieux

Eu te ofereço as minhas mãos vazias
que ficam estendidas no teclado,
pensando qual a letra a apertar
para compor o próximo poema...

Sei que elas estão feias e sem viço,
pois já viveram muito, e suas rugas,
contam todos os meus planos e vitórias
e as histórias que eu protagonizei...
Porém elas não fogem do serviço
do ofício de poeta, doces fugas,
cenários desses sonhos que sonhei...

Antes, estas mãos podiam tudo!
Faziam coisas, carregavam mundos...

Mas hoje elas só servem pra escrever...

Vendo barato, então, a algum romântico
que saiba entender o doce cântico
da saudade que elas vivem a registrar.

Pois elas já não sabem fazer nada
senão deixar nas páginas, poemas,
que falam dos amores e dilemas,
que em meus rabiscos
eu insisto
em relembrar...


BH - 14.09.07