Blue Eyes V

segunda-feira, julho 02, 2007









DORMÊNCIAS
lisieux

Quando a noite se vai, apagam-se as estrelas
e o poeta abandona a lira delicada,
as musas lá se vão... tu já não podes vê-las
pois elas se diluem, já alta a madrugada...

Recolhem-se as bacantes, aos seus divãs de seda
e as Vestais se despem de seus mantos etéreos
e Vênus comandando o exército de astros,
esconde-se com eles no ceu azul-turqueza

Desperta do seu sono a mágica cidade...
a luz do sol acorda diários afazeres
e os sons cotidianos sufocam a melodia
que antes preenchia a alma e os sentimentos.

E fecham-se, então, os olhos do Poeta.
As musas, fatigadas, precisam descansar
da noite de folguedos em campos celestiais...

O dia enfim prossegue, calado e sonolento
sem cor e sem perfume, isento das plangências
da lira magistral do amante trovador...
A vida segue o curso, sombrio, lamacento,
em lapsos, momentos, crivado de dormências
que sempre nos povoam a vida sem amor.